Outubro Missionário - Dia 19

 


Sábado, 19 de Outubro de 2024

XXVIII Semana do Tempo Comum – Ano B

Memória dos Santos João de Brébeuf e Isaac Jogues, sacerdotes, e companheiros, mártires

Ef 1, 15-23; Sal 8; Lc 12, 8-12

 

Depois do discurso contra os fariseus e os rabinos, Lucas dá-nos uma instrução sobre o comportamento correcto dos discípulos no mundo.

 

Para compreender melhor o Evangelho de hoje, é útil situarmo-nos no contexto. Os discípulos, conhecidos como “amigos de Jesus”, vão em breve ser perseguidos. Mas não precisam de ter medo de nada, nem dos inimigos nem do martírio, a não ser de Deus: “Não tenhais medo de.... não deveis ter medo de...” (Lc 12, 4-5), “nem um deles fica esquecido diante de Deus” (Lc 12, 6).

 

“A todo aquele que Me tiver reconhecido diante dos homens também o Filho do homem o reconhecerá diante dos Anjos de Deus. Mas quem Me tiver negado diante dos homens será negado diante dos Anjos de Deus.”

 

Deus não abandonará os Seus discípulos perante a perseguição. Esta convicção é sublinhada na passagem que lemos hoje:

 

1. O Pai Criador sustentá-los-á, tal como cuida da vida dos seus pardais (12, 6-7);

2. O Filho sustentá-los-á na hora do juízo final (12, 8-9);

3. O Espírito Santo ajudá-los-á, pondo nos seus lábios as palavras de que necessitarão quando forem interrogados perante o tribunal (12, 11-12).

 

Só há um “mas”: se Deus Se compromete com o discípulo perseguido, o discípulo deve também estar suficientemente comprometido para não recuar: deve “reconhecer” e não “negar” que é amigo de Jesus (12, 8-9).

 

Por outro lado, quem vê no Jesus terreno apenas um homem e ofende o “Filho do Homem” (= Messias) pode ser perdoado: “Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem

será perdoado” (Lc 12, 10a); cf., por exemplo, o relato da Paixão: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”; Lc 23, 34).

 

O problema grave é fechar-se definitivamente à acção do Espírito Santo manifestada em Jesus e nos discípulos e perder-se para sempre: “Quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo não será perdoado” (Lc 12, 10b).

 

Através da profissão de fé dos discípulos, o Espírito Santo testemunhará sempre Jesus ressuscitado, levantado pelo Pai das profundezas da morte, e conduzirá cada pessoa à salvação. É o Espírito Santo que dá a cada um o poder de se arrepender e de perdoar (cf. Act 2, 32-41; 3, 12-26 e 5, 30-32).

 

Vejamos a consequência para o perseguidor: precisamente porque o Espírito Santo actua através do anúncio apostólico de Jesus, aquele que rejeita o “testemunho” dos discípulos não pode ser perdoado, porque desprezou a possibilidade do perdão. Trata-se de uma “blasfémia contra o Espírito Santo”, que faz dele um “adversário de Deus” (cf. Act 5, 39).

 

Devemos rezar, como São Paulo, para que o anúncio seja acolhido como é, e que “Ele ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza do seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo.”

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