Sexta-feira, 11 de Outubro de 2024
XXVII Semana
do Tempo Comum – Ano B
Gl 3, 7-14; Sal 110; Lc 11, 15-26
Estamos no Mês Missionário de Outubro, cujo ponto alto é o Dia Mundial das Missões. A Igreja celebra-o desde 1926, quando o mundo e a Igreja viviam um período ‘demoníaco’. Os demónios do nacionalismo tinham conduzido à Primeira Grande Guerra Mundial e, com o seu fim, os demónios não tinham de modo algum desaparecido, mas tinham-se tornado ainda mais ferozes, alimentados por terríveis crises económicas. Durante este período, o Papa Pio XI (1922-1939) opôs às hostilidades e rivalidades entre as nações o domínio de Cristo. O seu lema é programático e diz: “Pax Christi in regno Christi – A paz de Cristo no reino de Cristo!”
Um dos exorcismos do seu tempo foi a fundação das Obras Missionárias Pontifícias em 1922, onde transformou as três sociedades missionárias nacionais francesas existentes numa organização universal e “papal”. A Igreja foi, desde o seu início, um actor global, transcendendo todas as fronteiras raciais, étnicas e políticas. Isto é evidenciado pela lista de 17 (!) grupos étnicos (Act 2, 9-11) que se reuniram à volta de Pedro e dos discípulos cheios do Espírito no Pentecostes.
No Evangelho de hoje, Jesus fala da expulsão dos demónios. Diz de Si próprio: “Se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, então quer dizer que o reino de Deus chegou até vós” (Lc 11, 20). Não cometamos o erro dos séculos anteriores, em que a Igreja, com as suas instituições, hierarquias e órgãos, era praticamente identificada com o Reino de Deus. A Igreja não é o reino de Deus. Mas serve o reino de Deus, o Seu reino no coração dos homens e a união dos povos.
Pio XI não só fundou as Obras Missionárias Pontifícias em 1922, como também introduziu o Dia Mundial das Missões em Outubro de 1926, então em preparação para a festa de Cristo Rei, que era celebrada no último Domingo de Outubro. Trata-se da solidariedade mundial entre os cristãos católicos que rezam com e pelos outros. Trata-se de solidariedade, de recolha de fundos em todas as Igrejas do mundo e de criar um equilíbrio justo no seio da Igreja. O Dia Mundial das Missões expulsa de nós, católicos, os demónios da “auto-referencialidade” (Papa Francisco). Abre os nossos corações à solidariedade global. Hoje, em particular, o Dia Mundial das Missões é um contributo importante para assegurar que “a paz de Cristo reine no reino de Cristo” (Pio XI).
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