Terça-feira,
22 de Outubro de 2024
XXIX Semana
do Tempo Comum – Ano B
Ef 2, 12-22; Sal 84; Lc 12, 35-38
Até aos
últimos dias da sua vida terrena, João Paulo II nunca deixou de anunciar com
zelo e determinação a Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo, plenamente
convencido de que Cristo “Cristo veio anunciar a boa nova da paz, paz para vós,
que estáveis longe, e paz para aqueles que estavam perto. Por Ele, uns e
outros, podemos aproximar-nos do Pai, num só Espírito.”
As palavras
inaugurais de João Paulo II como Pontífice continuam a ressoar em nós: “Não,
não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo!”
Mesmo diante da morte, ele rezou a Deus para que a “sua Páscoa” fosse útil ao
povo de Deus, a “mais importante causa à qual procuro servir: a salvação dos
homens, a salvaguarda da família humana, e nela de todas as nações e dos povos [...],
útil para as pessoas que de modo particular me confiou, para a questão da
Igreja, para a glória do próprio Deus.” (Testamento do Santo Padre João
Paulo II).
Poderíamos
dizer que, na pessoa de São João Paulo II, podemos contemplar aqueles “felizes
[...] que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes”.
O bom
discípulo tem os olhos fixos na meta. Com o coração voltado para Deus (Lc
12, 22-32) e no exercício da caridade (Lc 12, 33-34), ele caminha para a
plenitude com “os rins cingidos e as lâmpadas acesas” (12, 35) no presente.
A parábola
dos “servos vigilantes” que hoje lemos apresenta o discípulo como um “servo”
que sabe esperar a vinda do seu “senhor”. Esta parábola apresenta dois
momentos:
Dos
servos ao senhor
Segundo a
primeira parte da parábola (12, 35-36), a espera do Senhor faz-se com “os rins
cingidos e as lâmpadas acesas”.
– Os rins
cingidos (túnica presa na cintura). Normalmente, andava-se em casa com uma
túnica larga, sem cinto; é o equivalente a usar roupa cómoda. Por outro lado,
“cingir-se” era próprio de quem estava pronto para o trabalho ou para a viagem,
como em Ex 12,11; recordamos também que Jesus se “cingiu” para servir na
Última Ceia.
– As
lâmpadas acesas. As lâmpadas da casa eram apagadas quando a família se
deitava. Por isso, “as lâmpadas acesas” são um sinal de actividade na casa.
Para Mateus 5, 16, essas lâmpadas são as “boas obras” e o seu brilho
evangeliza.
Com estas
duas imagens, Jesus ensina que o discípulo que sabe viver “na expectativa” é
aquele que sabe “vigiar”. A vigilância é o contrário de adormecer ou de entrar
numa situação de repouso. O Evangelho não permite a desatenção, não deixa
espaço para a preguiça, não tem descanso. Estar “vigilante” é estar sempre
pronto para a acção, é estar sempre apto a viver as exigências do Evangelho (“rins
cingidos”) e a irradiá-las para os outros irmãos (“lâmpadas acesas”).
Do Senhor
aos Seus servos
A segunda
parte da parábola (12, 37-38) refere-se à recompensa dos que estão “vigilantes”
(12, 37) e “preparados” (12, 38). A sua recompensa é descrita com a definição
mais elevada dada no Evangelho: “Felizes”. Isto significa que, na atitude de
espera, de abertura ao futuro de Deus, cada um experimenta a sua verdadeira
felicidade. E a esta qualificação, que enobrece o presente, segue-se um dom
ainda maior no futuro: Jesus será um servo, isto é, oferecer-nos-á todos os
dons do Seu serviço durante o Seu ministério.
A referência
às diferentes horas da noite recorda-nos a importância da perseverança. É fácil
e comum cansarmo-nos nesta viagem, por isso: “Felizes esses servos, que o
senhor, ao chegar,
encontrar
vigilantes.”
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