Domingo, 6 de Outubro de 2024
XXVII Domingo do Tempo Comum – Ano B
Gn 2, 18-24; Sal 127; Heb 2, 9-11; Mc 10, 2-16
Neste primeiro Domingo Missionário de Outubro, reconhecemos as bênçãos que o Senhor nos quis dar desde a criação do mundo! A bênção dos esposos que se ajudam mutuamente (1ª leitura); a bênção da vida familiar e a felicidade de caminhar nos caminhos do Senhor (Salmo); a bênção da santificação trazida por Jesus Cristo que nos conduz pelo caminho do amor (2ª leitura); e, por fim, a bênção do coração dos filhos que acolhem a vida do Reino (Evangelho).
Neste Mês Missionário, celebramos, portanto, os abençoados pelo Senhor que, na sua vida consagrada ao Senhor, bem como na vida dos casais e das famílias, se empenham, em nome da sua fé, na construção do Reino de justiça, de fraternidade, de entreajuda, de caridade e de solidariedade. Através deles, Deus actua para unir os povos e ajudar os mais pobres e necessitados. Juntos, e não sozinhos, aprendemos a superar o individualismo, o egocentrismo e a dureza de coração, e a crescer no amor, na partilha, no esquecimento e no dom de nós mesmos. Estamos habituados a ver sacerdotes e comunidades religiosas empenhados na causa do Reino de Deus; o nosso tempo oferece-nos a graça de casais e famílias missionárias, e mesmo de movimentos que assumem o desafio missionário: “Ide, fazei discípulos todos os povos” (Mt 28, 19), Ide e convidai a todos para o banquete (cf. Mt 22, 9) (tema do DMM 2024). Comentando o tema escolhido pelo Santo Padre, ele disse:
“Há dois verbos que expressam o núcleo da missão: «ide» e chamai, «convidai». Quanto ao primeiro verbo, convém recordar que antes os servos tinham sido já enviados para transmitir a mensagem do rei aos convidados (cf. 22, 3-4). Daqui se deduz que a missão é ida incansável rumo a toda a humanidade para a convidar ao encontro e à comunhão com Deus. Incansável! Deus, grande no amor e rico de misericórdia, está sempre em saída ao encontro de cada ser humano para o chamar à felicidade do Seu Reino, apesar da indiferença ou da recusa.” (Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2024).
Da sétima catequese do Papa Francisco sobre A paixão pela evangelização, recordamos o seguinte: “O Concílio diz: «A vocação cristã [...] é também, por sua própria natureza, vocação ao
apostolado» (Decr. Apostolicam actuositatem [AA], 2). Trata-se de uma chamada que é comum,
«assim como comum é a dignidade dos membros pela sua regeneração em Cristo, comum é a
graça da adopção filial, comum é a vocação à perfeição; só existe uma salvação, uma esperança e
uma caridade sem divisões» (LG, 32). É um chamamento que diz respeito tanto aos que receberam o sacramento da Ordem, como às pessoas consagradas e a todos os fiéis leigos, homens ou mulheres, é uma chamada a todos.”
A missão é uma questão de coração que acolhe o Reino. A Beata Paulina Jaricot descobriu-o na sua vida de oração e resumiu-o muito bem: “A oração é o Reino de Deus em nós. Que o nosso coração seja invadido pelo amor infinito de Jesus Cristo!” A missão é também uma questão de anunciar o Reino de Deus, que está sempre próximo e é amoroso e misericordioso.
“Jesus diz: «Pregai, anunciando que o reino dos céus está próximo» (v. 7). Eis o que se deve dizer, antes de tudo e em tudo: Deus está próximo. Mas, nunca esqueçamos isto: Deus esteve sempre próximo do povo, Ele próprio o recordou ao povo, Disse assim: “Vede, que Deus está tão próximo das nações como Eu estou próximo de vós?”. A proximidade é uma das coisas mais importantes de Deus. Há três aspectos importantes: proximidade, misericórdia e ternura.” (Catequese 4. A paixão pela evangelização).
Rezemos para que cada pessoa, cada casal, cada família encontre a bênção e a beleza do projecto de amor sobre si. Se acolhermos o Reino de Deus em nós, os nossos corações de filhos de Deus darão frutos de amor, de entreajuda, de comunhão e de unidade, e veremos a felicidade, como diz o Salmista. Que Santa Teresinha do Menino Jesus nos guie na missão de todos os baptizados durante este Mês Missionário. O Papa Francisco, inspirado por ela, diz-nos:
“Com efeito, os missionários, dos quais Teresa é padroeira, não são apenas aqueles que vão longe, aprendem novas línguas, fazem boas obras e são bons anunciadores; não, missionário é também todo aquele que vive, onde está, como instrumento do amor de Deus; que faz tudo para que, através do seu testemunho, da sua oração, da sua intercessão, Jesus passe. Este é o zelo apostólico que, recordemos sempre, nunca se realiza por proselitismo – nunca! – ou por constrição – nunca – mas por atracção: a fé nasce por atracção, não nos tornamos cristãos por sermos forçados por alguém, não, mas por sermos tocados pelo amor” (Catequese 16. A paixão pela evangelização).
O Papa Francisco apresenta o testemunho de um leigo venezuelano que foi missionário e instrumento do amor de Deus por onde passou: o Beato José Gregório Hernández Cisneros: “Nasceu em 1864 e aprendeu a fé sobretudo com a mãe, como ele disse: «A minha mãe ensinou-me a virtude desde o berço, fez-me crescer no conhecimento de Deus e deu-me a caridade como guia». Prestemos atenção: são as mães que transmitem a fé. A fé transmite-se em dialecto, ou seja, com a linguagem das mães, aquele dialecto que as mães sabem falar com os filhos. E a vós, mães: tende o cuidado de transmitir a fé no dialecto materno.
“A caridade foi, de facto, a estrela polar que orientou a existência do Beato José Gregório: pessoa boa e afável, de temperamento alegre, era dotado de uma inteligência perspicaz; tornou-se médico, professor universitário e cientista. Mas foi sobretudo um médico próximo dos mais fracos, a ponto de ser conhecido na sua terra natal como “o médico dos pobres”. Cuidou dos pobres, sempre. À riqueza do dinheiro preferiu a riqueza do Evangelho, gastando a sua vida para ajudar os necessitados. Nos pobres, nos doentes, nos migrantes, nos que sofrem, José Gregório via Jesus. E o sucesso que nunca procurou no mundo recebeu-o, e continua a recebê-lo, do povo, que lhe chama “santo do povo”, “apóstolo da caridade”, “missionário da esperança”. Belos nomes: “Santo do povo”, “apóstolo da caridade”, “missionário da esperança”» (Catequese 20).
Ele prova que, como proclama a antífona do Evangelho deste Domingo, “se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o Seu amor em nós é perfeito” (1 Jo 4, 12).
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