31 outubro 2024

Outubro Missionário - Dia 31


 Quinta-feira, 31 de Outubro de 2024

XXX Semana do Tempo Comum – Ano B

Ef 6, 10-20; Sal 143; Lc 13, 31-35

Na sua mensagem conclusiva, São Paulo recorda aos fiéis de Éfeso que devem haurir a sua força do Senhor e do Seu poder (cf. Ef 6, 10). Por outras palavras, os discípulos devem estar ancorados no Senhor para poderem superar os obstáculos da sua missão. Vêm-me à mente as palavras do próprio Senhor no Evangelho de João: “Eu sou a videira, vós os ramos. O que permanece em Mim e Eu nele, este dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5). Assim, não só vencemos as “raposas” de hoje, mas também damos muito fruto.

A missão pertence ao Senhor. Por isso, é necessário buscar forças n'Ele através da celebração da Sua Palavra e dos sacramentos, especialmente da Sagrada Eucaristia. No meio dos desafios, é preciso rezar (Missas) pela missão. Temos a responsabilidade de pedir Missas pelos que estão no campo de missão. Que o Senhor continue a guiar, abençoar e manter todos os missionários sob a Sua protecção. Amén.

 

=============================

 

 

A pedido da União Missionária Pontifícia, colaboraram na redacção destas meditações dia a dia de 2024 as seguintes pessoas:

• Domingos: P. Yoland Ouellet, OMI, Director Nacional das OMP, Canadá francófono

• Dias de semana:

– 1-14: P. Karl Wallner, Director Nacional das OMP, Áustria

– 15 e 23: P. Pierre Diarra

– 16-22: P. Jafet Alberto Peytrequín Ugalde, Director Nacional das OMP, Costa Rica

– 24-31: P. Dennis C. J. Nimene, Director Nacional das OMP, Libéria

 

Tradução: P. José Rebelo, MCCJ – Director Nacional de Portugal 

30 outubro 2024

Outubro Missionário - Dia 30

 


Quarta-feira, 30 de Outubro de 2024

XXX Semana do Tempo Comum – Ano B

Ef 6, 1-9; Sal 144; Lc 13, 22-30

A imagem de Jesus como pregador itinerante, percorrendo cidades e aldeias, representa desde o início o caminho missionário da Igreja. A missão é sempre dinâmica.

O Senhor também deixa claro que a missão não é um safari, nem uma viagem turística. Pelo contrário, implica desafios e dificuldades. É um esforço para passar pela porta estreita.

Jesus está resolutamente a caminho de Jerusalém, como nos conta o evangelista Lucas logo ao início da Sua viagem (cf. Lc 9, 51). Mesmo quando Lhe foi negada a passagem por uma aldeia samaritana, tomou outro caminho e prosseguiu. Isto é uma indicação clara de que há e haverá sempre desafios associados à missão. No entanto, o remédio não é desistir, mas sim ter a coragem de descobrir novas formas de continuar. Que o Senhor conceda fortaleza e coragem a todos os missionários. Amén.

29 outubro 2024

Bispo da Guarda - a propósito do encerramento do Sínodo dos Bispos em Roma

 

Terminou o nodo sobre a sinodalidade, com encerramento presidido pelo Papa Francisco, na Eucaristia da manhã de domingo passado, na Praça de S. Pedro, em Roma.

O documento final foi apresentado na véspera, sábado e não terá exortação apostólica posterior, como tem acontecido com os restantes sínodos até agora realizados. Mas, desde a sua publicação, por vontade expressa do Papaconstitui texto do Magistério oficial da Igreja.

Este documento organizase em 5 partes, com uma introdução e uma conclusão.

Todo ele, a avaliar pela introdução e pela e I parte, pretende que a vida sinodal da Igreja esteja baseada na experiência do Ressuscitado, que foi a grande surpresa dos Doze na tarde do primeiro Domingo de Páscoa (Introdução – Jo. 20, 19-20)como já o tinha sido para Maria Madalena, na madrugada daquele mesmo primeiro dia da semana (Jo. 20, 1-2).

Depois de nos colocar diante do coração da sinodalidade (parte I), com suas raízes na Bíblia e na Tradição da Igreja, o documento toma como linha condutora o capítulo 21 do Evangelista S. João, que nos apresenta os apóstolos na barca de Pedro e a partir para a pesca, que não correu bem. Mas a obediência à Palavra de Jesus tudo mudou para melhor.

Reportando-nos, agora, à parte II, a barca de Pedro, que representa a Igreja, é o lugar do encontro, onde se constroem e vivem relações fortes e de comunhão, na pluralidade dos muitoscontextos existentes. É o espaço onde se cultivam os diferentes carismas, vocações e ministérios para a missão e também se progride no exercício da corresponsabilidade.

Como Jesus convidou os discípulos a lançarem, de novo, as redes ao mar, apesar da experiência negativa que tinham vivido, também faz, hoje, o mesmo convite para a missão a todos os baptizados.

A parte III convida-nos para a revisão e a conversão dos processos que habitualmente utilizamos e nem sempre com os melhores resultados (Jo. 21, 5-6). Isso implica fazer o discernimento eclesial, sempre em ordem à missão, com permanente esforço de transparência, prestação de contas e avaliação.

Situando-se nos bons resultados da pesca abundante que se seguiu ao mandato de Jesus ( Jo.21, 8.11), a parte IV sublinha a nossa condição de peregrinos, sem deixarmos de estar radicados num lugar determinado.

Somos assim convidados a caminhar juntos, como discípulos de Cristo, partilhando os diferentes dons que recebemos do Espírito Santo. No processo desta partilha, o documento chama a atenção para os importantes instrumentos que são as Conferências Episcopais e o Primado do Papa, como também as variadas assembleias eclesiais.

A parte V e última centra-se no envio dos discípulos por Jesus: Como Pai me enviou também vos envio a vós (Jo.20, 21-22). E sublinha a necessidade da formação para todos os discípulos missionários, uma formação que seja integral, contínua e partilhada.

A conclusão fala no banquete preparado para todos os povos, representado naquela refeição de peixe que Jesus prepara para os discípulos, depois da pesca milagrosa (Jo. 21, 9.12.13).

As últimas palavras são para Nossa SenhoraMaria Santíssima, pedindo-lhe que “nos ensine a ser um povo de discípulos missionários, que caminha em conjunto: uma Igreja sinodal”.

No documento final deste Sínodo não constam os 10 casos, cujo tratamento foi encomendado a 10 grupos de estudo conduzido por especialistas. Um deles, o 5º, é sobre “questões teológicas e canónicas que envolvem formas específicas de ministério”, dentro do qual se inclui a resposta à pergunta sobre se as mulheres podem ser chamadas ao exercício da Ordem do Diaconado. O Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé já veio dizer que, apesar de este continuar a ser assunto em aberto, a Igreja continua empenhada em tudo fazer para que seja dado o devido lugar à mulher, tanto na vida da Igreja como na sociedade.

28.10.2024

+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda



Outubro Missionário - Dia 29

 


Terça-feira, 29 de Outubro de 2024

XXX Semana do Tempo Comum – Ano B

Ef 5, 21-33; Sal 127; Lc 13, 18-21

A parábola do grão de mostarda e do fermento são duas parábolas que mostram como a missão (o Reino) progride lentamente, mas seguramente sob a providência de Deus. Faz-nos lembrar a famosa frase de Santa Teresa de Calcutá: “Nem todos nós podemos fazer coisas grandes. Mas podemos fazer coisas pequenas com muito amor.”

Por vezes, os nossos esforços de evangelização podem parecer pequenos ou insignificantes, mas são a semente de mostarda e o fermento necessários que mais tarde darão fruto. Os nossos pensamentos e as nossas orações vão para todos os grandes missionários que trabalharam, por vezes, em situações muito difíceis e desafiantes para garantir que o Evangelho fosse ouvido. Hoje cabe-nos a nós a tarefa de continuar os seus esforços. Podemos fazê-lo utilizando como um dos meios o paradigma que São Paulo nos oferece hoje na primeira leitura: tornarmo-nos dóceis e submissos aos estímulos do Espírito Santo e amar incondicionalmente a Igreja, Corpo de Cristo. Que o Senhor nos ajude agora e sempre! Amén.

28 outubro 2024

Outubro Missionário - Dia 28

 



Segunda-feira, 28 de Outubro de 2024

Festa dos Apóstolos Simão e Judas

Ef 2, 19-22; Sal 18; Lc 6, 12-16

 

“A Sua mensagem ressoou por toda a terra” resume os actos heróicos dos Apóstolos e dos primeiros cristãos na sua acção missionária. Hoje celebramos dois destes grandes homens: São Simão e São Judas, que deram a vida pela difusão do Evangelho.

 

Sobre e grande empreendimento missionário, o Apóstolo dos gentios, São Paulo, diz-nos: “Já não sois estrangeiros nem hóspedes, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef 2, 19). É um apelo à “comunhão, participação e missão”, como sublinha o caminho sinodal que a Igreja está a percorrer. É também um apelo ao tema missionário dos baptizados e dos enviados, no qual todos os baptizados são chamados pelo nome pelo Senhor e enviados a trabalhar na Sua vinha. Não podemos, por isso, permanecer inertes ou inactivos neste grande empreendimento.

 

Por intercessão dos Santos Simão e Judas, digamos continuamente “sim” ao chamamento do Senhor para difundir a Boa Nova até aos confins da terra, através das nossas palavras, mas sobretudo através das nossas obras. Amén.

27 outubro 2024

Outubro Missionário - Dia 27

 


Domingo, 27 de Outubro de 2024

XXX Semana do Tempo Comum – Ano B

Jer 31, 7-9; Sal 125; Heb 5, 1-6; Mc 10, 46-52

 

O grito da terra, sedenta de cura, de justiça, de partilha e de paz, ouve-se no grito do cego do Evangelho, que grita mais alto, duas vezes mais alto. Neste Mês Missionário, rezamos pela missão universal de anunciar ao mundo Jesus, fonte de vida e salvação para a humanidade. Depois, a convite de Deus, ouvimos um outro grito dos seus discípulos-missionários: “Gritai de alegria!” Apelam à alegria e à fé: “Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te!” A Palavra de Jesus está a actuar em todo o mundo, onde quer que seja proclamada e acolhida. Ela pode curar e transformar a humanidade no meio de lágrimas e sofrimentos de toda a espécie. Ela reúne e forma um povo de todos os salvados!

 

O Papa Francisco recorda-nos o motivo do alegre anúncio exigido aos discípulos missionários: “E a razão? Uma boa notícia, uma surpresa, um acontecimento agradável? Muito mais, uma Pessoa: Jesus! Jesus é a alegria! Ele é o Deus que Se fez homem e que veio ao nosso encontro! Portanto, estimados irmãos e irmãs, a questão não é se O anunciar, mas como O anunciar, e este “como” é a alegria. Ou anunciamos Jesus com alegria, ou não o anunciamos. [...] Eis porque o cristão descontente, o cristão triste, o cristão insatisfeito ou, pior ainda, ressentido e rancoroso não é credível. Falará de Jesus, mas ninguém acreditará nele! [...] É essencial vigiar sobre os nossos sentimentos. A evangelização actua a gratuidade, porque vem da plenitude, não da pressão. E quando se pratica a evangelização – quer-se fazê-la, mas não assim – com base em ideologias, isso não é evangelizar, isso não é o Evangelho. O Evangelho não é uma ideologia: o Evangelho é um anúncio, um anúncio de alegria. As ideologias são frias, todas. O Evangelho tem o calor da alegria. As ideologias não sabem sorrir, o Evangelho é um sorriso, faz-nos sorrir porque toca a nossa alma com a Boa Nova” (Catequese 26. A paixão pela evangelização).

 

No actual contexto de secularização e num mundo tão ferido por guerras e divisões, respondamos sem demora ao convite do Pai que enviou o Seu Filho para nos salvar: “Ide e convidai a todos para o banquete!” (Mt 22, 9) Nós somos as testemunhas que encontraram o Filho que destruiu a morte e fez brilhar a vida. Somos alimentados no banquete que nos oferece a Sua presença e a Sua vida em abundância. No final de cada banquete, somos enviados em nome de Cristo: “Ide!”. Com a alegria de ter esta presença dentro de nós, pomo-nos a caminho para sermos os Seus arautos neste mundo que espera luz e esperança.”

 

O Papa Francisco prossegue: “A alegria de ter Jesus ressuscitado. O encontro com Jesus traz-nos sempre alegria, e se isto não nos acontece, não é um verdadeiro encontro com Jesus. [...] Com efeito, imersos no clima frenético e confuso de hoje, também nós poderíamos encontrar-nos a viver a fé com um leve sentido de renúncia, persuadidos de que para o Evangelho já não há escuta e que não vale mais a pena esforçar-se para o anunciar. Poderíamos até ser tentados pela ideia de deixar que “os outros” sigam o próprio caminho. Pelo contrário, precisamente este é o momento de voltar ao Evangelho para descobrir que Cristo «é sempre jovem e fonte constante de novidades» (Evangelii gaudium, 11).”

 

“Assim, como os dois de Emaús, volta-se à vida de todos os dias com o ímpeto de quem encontrou um tesouro: aqueles dois eram jubilosos, porque tinham encontrado Jesus, e isto mudou a vida deles. E descobre-se que a humanidade está repleta de irmãos e irmãs que aguardam uma palavra de esperança. O Evangelho é esperado até hoje: o homem de hoje é como o homem de todos os tempos, precisa dele, inclusive a civilização da incredulidade programada e da secularidade institucionalizada; aliás, sobretudo a sociedade que deixa vazios os espaços do sentido religioso, precisa de Jesus. Este é o momento favorável para o anúncio de Jesus. Por isso, gostaria de dizer novamente a todos: «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, a alegria nasce e renasce sem cessar» (ibid., 1). Não nos esqueçamos disto” (Catequese 26. A paixão pela evangelização).

 

Perante as maravilhas que Deus Pai realizou nas nossas vidas, este Mês Missionário, que está a chegar ao fim, recorda-nos a nossa missão de anunciar e testemunhar Jesus. “Assim, sintamos dirigido também a nós o convite para ser pescadores de homens: sintamo-nos chamados por Jesus pessoalmente para anunciar a Sua Palavra, testemunhá-la nas situações de cada dia, vivê-la na justiça e na caridade, chamados «encarná-la» acarinhando a carne de quem sofre. Esta é a nossa missão: sair à procura de quem está perdido, de quem está oprimido e desanimado, para lhes levar, não nós mesmos, mas a consolação da Palavra, o anúncio desinquietador de Deus que transforma a vida, para lhes levar a alegria de saber que Ele é Pai e fala a cada um, levar a beleza de dizer: «Irmão, irmã, Deus aproximou-Se de ti, escuta-O e, na Sua Palavra, encontrarás um dom estupendo!» (Papa Francisco, Homilia, Domingo da Palavra de Deus, 22 de Janeiro de 2023).

 

Nestes últimos dias do Mês Missionário, recordando o tema, Convidai a todos, eis uma mensagem clara para todos os discípulos-missionários: “Os discípulos-missionários de Cristo trazem sempre no coração a preocupação por todas as pessoas, independentemente da sua condição social e mesmo moral. A parábola do banquete diz-nos que, seguindo a recomendação do rei, os servos reuniram «todos aqueles que encontraram, maus e bons» (Mt 22, 10). Além disso, os convidados especiais do rei são precisamente «os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos» (Lc 14, 21), isto é, os últimos e os marginalizados da sociedade. Assim, o banquete nupcial do Filho, que Deus preparou, permanece para sempre aberto a todos, porque grande e incondicional é o Seu amor por cada um de nós. «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o Seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que n’Ele crê não se perca, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16). Toda a gente, cada homem e cada mulher, é destinatário do convite de Deus para participar na Sua graça que transforma e salva. Basta apenas dizer «sim» a este dom divino gratuito, acolhendo-o e deixando-se transformar por ele, como se se revestisse com um «traje nupcial» (cf. Mt 22, 12) (Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2024).

26 outubro 2024

Outubro Missionário - Dia 26

 


Sábado, 26 de Outubro de 2024

XXIX Semana do Tempo Comum – Ano B

Ef 4,7-16; Sal 121; Lc 13, 1-9

 

A imagem da Igreja como um mosaico ou uma orquestra em que cada pessoa toca um instrumento diferente, mas produz uma melodia harmoniosa, é sempre fascinante. Ela mostra as diferentes abordagens da única missão. São Paulo, nas suas obras missionárias, sublinhou várias vezes esta realidade.

 

Na primeira leitura de hoje, recorda-nos que uns são apóstolos, outros profetas, outros evangelistas, outros pastores e mestres, mas todos são chamados a construir o corpo de Cristo – a Igreja.

 

Este mosaico (Igreja) é composto por bons e maus, pecadores e justos. No entanto, ela passa por uma purificação contínua através do arrependimento. Deus, que se revelou “compassivo e misericordioso” (cf. Ex 34, 6), convida-nos sempre, como diz o Senhor no Evangelho, ao arrependimento e à purificação ou a afinar a orquestra para produzir canções mais melodiosas. Assim, a Igreja passa do mau ao bom; do bom ao melhor e do melhor ao superlativo.

 

Que Maria, Rainha das Missões, continue a interceder por todos nós. Amén.

25 outubro 2024

Outubro Missionário - Dia 25


 Lúcio Arménio (autor)

Sexta-feira, 25 de Outubro de 2024

XXIX Semana do Tempo Comum – Ano B

Ef 4, 1-6; Sal 23; Lc 12, 54-59

 

A missão continua indefinidamente. De facto, a inexistência de missões equivale à inexistência da Igreja, uma vez que esta, por sua natureza, é missionária (cf. AG, 2).

 

Esta afirmação é claramente demonstrada pelo testemunho dos primeiros apóstolos. Mesmo da sua prisão, São Paulo exorta os habitantes de Éfeso a permanecerem empenhados na vocação que receberam, comportando-se “segundo a maneira de viver a que fostes chamados”. Este compromisso torna-se necessário pelo facto de que ainda hoje, como recorda o Salmo Responsorial, há pessoas que procuram o Senhor.

 

No entanto, não se pode ignorar a necessidade de decifrar os sinais dos tempos, como adverte o Senhor no Evangelho. Rezemos, pois, para que o Espírito Santo nos guie por “caminhos novos” na difusão da Boa Nova. Amén.

24 outubro 2024

Outubro Missionário - Dia 24

 


Quinta-feira, 24 de Outubro de 2024

XXIX Semana do Tempo Comum – Ano B

Memória facultativa de Santo António Maria Claret, Bispo

Ef 3, 14-21; Sal 32; Lc 12, 49-53

 

Paulo, o missionário do mundo gentio, rezava sem cessar desde o seu cárcere pelas missões. Ele está firmemente convencido, e com razão, de que a oração é uma condição sine qua non para a realização das obras missionárias. Por isso é que as Obras Missionárias Pontifícias (OMP) pedem sempre, para além das ofertas materiais, que se reze também e sempre pelas missões.

 

Devemos, portanto, aprender com o exemplo de Santo António Maria Claret, “pai espiritual de Cuba”. Antes de embarcar na sua viagem missionária, fez três peregrinações a Nossa Senhora do Pilar, padroeira de Espanha, à Virgem de Montserrat, padroeira da Catalunha, e a Nossa Senhora de Fussimanya, perto da sua aldeia. Ao fazê-lo, preparou-se para “incendiar a terra” com o amor de Deus.

 

Nos seus passos, continuemos a confiar as missões ao Senhor, por intercessão de Maria, nossa Mãe. Amén.

23 outubro 2024

Outubro Missionário - Dia 23

 

Lúcio Américo (autor) 

Quarta-feira, 23 de Outubro de 2024

XXIX Semana do Tempo Comum – Ano B

Ef 3, 2-12; Is 12; Lc 12, 39-48

 

A última frase do Evangelho de hoje pode chamar a nossa atenção: “A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá.” O que é que nós temos sem que o tenhamos recebido do Senhor? Não temos nada. Tudo vem do Senhor: os nossos pais, a nossa vida, o que adquirimos durante a nossa vida, a educação, a formação, os bens materiais e espirituais e, evidentemente, aquilo em que cada um de nós se tornou. A questão é: o que é que temos feito com tudo o que recebemos?

 

Jesus pede-nos que não imitemos o servo que não se preocupa com o regresso do seu Senhor. Ouçamos mais uma vez: “Mas se aquele servo disser consigo mesmo: ‘O meu senhor tarda em vir’;

e começar a bater em servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo chegará no dia em que menos espera e a horas que ele não sabe; ele o expulsará e fará que tenha a sorte dos infiéis.” É certo que podemos pensar no fim do mundo, mas é todos os dias que o Senhor vem ao nosso encontro, nos interpela e nos pergunta se ainda estamos ao serviço. Estamos ao serviço de Deus, da Igreja, dos nossos irmãos e irmãs?

 

Nos relatos e discursos evangélicos, não encontramos qualquer convite ao trabalho ou instruções sobre o trabalho. Mas diz-se que Jesus era um “artesão” (Mc 6, 3), filho de um artesão (Mt 13, 55). Os Seus primeiros discípulos eram pescadores (Mt 1, 16-20), um deles era cobrador de impostos (Mt 2, 14). Passa-se de um ofício aprendido com o pai, cuja função é garantir a subsistência da família, para um ofício suscitado por uma “vocação” carismática, promovida por Deus ou por um dos Seus porta-vozes, para criar uma nova actividade para o bem da multidão, à semelhança de Moisés, David e outros líderes de Israel. Pensemos em Eliseu e Amós, agricultores ou criadores de gado, que se tornaram profetas. Os apóstolos, por exemplo, mudaram a sua vida profissional graças ao encontro com Jesus, o Cristo. Não se trata de uma espécie de promoção, segundo os padrões humanos. É antes um chamamento a tornar-se “servos” do Senhor para um trabalho de carácter espiritual, que implicará perseguições (Mt 5, 11-12), humilhações (Mt 23, 11-12) e até o dom da vida (Mt 16, 25; 23, 34-35).

 

Nas parábolas, são mencionados vários tipos de trabalho: o semeador (Mt 13, 3), o operário (Mt 20, 1), o negociante de pérolas (Mt 13, 45), o porteiro (Mt 24, 45), o administrador (Lc 16, 1), mas também a dona de casa que amassa a farinha (Mt 13, 33). Há um convite a amar a seriedade no trabalho, a ter cuidado e sabedoria, qualidades que tornam o servo digno de confiança (Mt 8, 9; 24, 45; 25, 21). O sentimento de confiança num resultado seguro, fruto de um trabalho bem feito, é também encorajado (Mt 7, 24-25; 24, 46; 25, 29). Não há mérito em ser digno de Deus, pois cada um deve considerar-se um “servo inútil”, contente por ter cumprido o seu dever (Lc 17, 10).

 

Devemos falar dos ministérios do ensino e da cura que os discípulos devem exercer seguindo Jesus (Mt 9, 37-38; Jo 5, 17; 9, 4)? Devemos comparar este trabalho com o do lavrador, do semeador, do ceifeiro, do pastor ou do pecador? Esse trabalho dá frutos, ou dá direito a um salário, a uma recompensa pelo serviço prestado (Mt 10, 10; 20, 2; Lc 10, 7)? Será só uma metáfora? Os compromissos de carácter espiritual são apreciados. O Mestre orienta o desejo para recompensas celestes duradouras que nos enchem de felicidade suprema. É preciso ultrapassar a crítica de Qohélet à vaidade da actividade humana. “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2 Ts 3, 10). Este é o conselho do apóstolo Paulo. “Quem roubava não volte a roubar; esforce-se, antes, por trabalhar com as próprias mãos, fazendo o bem, para que tenha o que partilhar com quem passa necessidades” (Ef 4, 28). Não devemos apenas prover ao nosso sustento, mas também partilhar com os outros, especialmente com os mais desfavorecidos. A este respeito, Paulo apresenta-se como um exemplo a imitar. De facto, a obra de Cristo e dos discípulos imita a do próprio Deus (Jo 4, 34; 5, 17; 17, 4). Torna-se um modelo inspirador para todos os domínios e modalidades do trabalho humano, introduzindo o princípio do “serviço” (Lc 22, 26-27; Jo 13, 13-17), da “gratuidade” (Mt 10, 8; 2 Cor 11, 7), mas também da renúncia à acumulação de bens (Mt 10, 10). A generosidade é fortemente desejada, porque permite aos outros beneficiarem do fruto do próprio trabalho (Mt 19, 21). Esta partilha não é um sinal claro de amor?

 

O trabalho realizado como “serviço” (diakonia) e ordenado pelo Senhor produz frutos para todos (1 Cor 9, 22). Por isso, é importante ter colaboradores, bons colaboradores na preciosa tarefa de anunciar o Evangelho, que são, em última análise, “colaboradores de Deus” (1 Cor 3, 9; Mc 16, 20). O trabalho missionário pode ser comparado ao trabalho agrícola (1 Cor 3, 5-9) e/ou ao trabalho de construção (1 Cor 3, 10.14). Mas há que reconhecer que só Deus é que faz crescer a planta (1 Cor 3, 7). Só Cristo é o fundamento sólido do edifício que é a Igreja (1 Cor 3, 11).

 

Por isso, é importante dar graças ao Senhor quando o que fazemos tem êxito: “Dai graças ao Senhor, proclamai o Seu nome, proclamai entre os povos as Suas grandes obras! Repitamos: “Sublime é o Seu nome! Deus escolhe-nos para colaborar na Sua missão, na Missio Dei, mesmo que sejamos frágeis, pecadores e pequenos. Escutemos Paulo: “Deste Evangelho me tornei ministro, pelo dom da graça que Deus me concedeu pela força do Seu poder. A mim, o último de todos os santos, foi concedida a graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo.”

 

Agradeçamos, e que o Senhor continue a encher-nos com os Seus dons, com o Seu Espírito que fará de nós extraordinários operários e missionários, nas pegadas de Paulo, de Pedro, de João Paulo II, de Bento XVI, do Papa Francisco e de todas as testemunhas de Cristo Jesus.

22 outubro 2024

Outubro Missionário - Dia 22

 


Terça-feira, 22 de Outubro de 2024

XXIX Semana do Tempo Comum – Ano B

Ef 2, 12-22; Sal 84; Lc 12, 35-38

 

Até aos últimos dias da sua vida terrena, João Paulo II nunca deixou de anunciar com zelo e determinação a Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo, plenamente convencido de que Cristo “Cristo veio anunciar a boa nova da paz, paz para vós, que estáveis longe, e paz para aqueles que estavam perto. Por Ele, uns e outros, podemos aproximar-nos do Pai, num só Espírito.”

 

As palavras inaugurais de João Paulo II como Pontífice continuam a ressoar em nós: “Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo!” Mesmo diante da morte, ele rezou a Deus para que a “sua Páscoa” fosse útil ao povo de Deus, a “mais importante causa à qual procuro servir: a salvação dos homens, a salvaguarda da família humana, e nela de todas as nações e dos povos [...], útil para as pessoas que de modo particular me confiou, para a questão da Igreja, para a glória do próprio Deus.” (Testamento do Santo Padre João Paulo II).

 

Poderíamos dizer que, na pessoa de São João Paulo II, podemos contemplar aqueles “felizes [...] que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes”.

 

O bom discípulo tem os olhos fixos na meta. Com o coração voltado para Deus (Lc 12, 22-32) e no exercício da caridade (Lc 12, 33-34), ele caminha para a plenitude com “os rins cingidos e as lâmpadas acesas” (12, 35) no presente.

 

A parábola dos “servos vigilantes” que hoje lemos apresenta o discípulo como um “servo” que sabe esperar a vinda do seu “senhor”. Esta parábola apresenta dois momentos:

 

Dos servos ao senhor

Segundo a primeira parte da parábola (12, 35-36), a espera do Senhor faz-se com “os rins cingidos e as lâmpadas acesas”.

 

Os rins cingidos (túnica presa na cintura). Normalmente, andava-se em casa com uma túnica larga, sem cinto; é o equivalente a usar roupa cómoda. Por outro lado, “cingir-se” era próprio de quem estava pronto para o trabalho ou para a viagem, como em Ex 12,11; recordamos também que Jesus se “cingiu” para servir na Última Ceia.

 

As lâmpadas acesas. As lâmpadas da casa eram apagadas quando a família se deitava. Por isso, “as lâmpadas acesas” são um sinal de actividade na casa. Para Mateus 5, 16, essas lâmpadas são as “boas obras” e o seu brilho evangeliza.

 

Com estas duas imagens, Jesus ensina que o discípulo que sabe viver “na expectativa” é aquele que sabe “vigiar”. A vigilância é o contrário de adormecer ou de entrar numa situação de repouso. O Evangelho não permite a desatenção, não deixa espaço para a preguiça, não tem descanso. Estar “vigilante” é estar sempre pronto para a acção, é estar sempre apto a viver as exigências do Evangelho (“rins cingidos”) e a irradiá-las para os outros irmãos (“lâmpadas acesas”).

 

Do Senhor aos Seus servos

A segunda parte da parábola (12, 37-38) refere-se à recompensa dos que estão “vigilantes” (12, 37) e “preparados” (12, 38). A sua recompensa é descrita com a definição mais elevada dada no Evangelho: “Felizes”. Isto significa que, na atitude de espera, de abertura ao futuro de Deus, cada um experimenta a sua verdadeira felicidade. E a esta qualificação, que enobrece o presente, segue-se um dom ainda maior no futuro: Jesus será um servo, isto é, oferecer-nos-á todos os dons do Seu serviço durante o Seu ministério.

 

A referência às diferentes horas da noite recorda-nos a importância da perseverança. É fácil e comum cansarmo-nos nesta viagem, por isso: “Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar,

encontrar vigilantes.”