Quinta-feira, 16 de Outubro de 2025[1]
XXVIII Semana do Tempo Comum – Ano
Ímpar (I)
Rm 3, 21-30a;
Sl 129; Lc 11, 47-54
As maldições do Evangelho
de hoje têm como alvo os doutores da lei, e não já os fariseus, como ontem.
Ambos os grupos, porém, têm um problema comum: identificam a salvação com a
própria justiça e a própria lei. Assim, transgridem a vontade salvífica de Deus
sobre eles, ao passo que os publicanos e os pecadores reconhecem e aceitam a
misericórdia de Deus. A bem-aventurança é crer na Palavra segundo a qual, «No
senhor está a misericórdia e abundante redenção», como proclamámos no Salmo
Responsorial. É a bem-aventurança de Saulo, fariseu e doutor da lei: depois de
curado da sua cegueira por Deus, reconhece, como hoje, na Carta aos Romanos,
que «todos são justificados de maneira gratuita pela Sua graça, em virtude da
redenção realizada em Cristo Jesus». O Deus do perdão acolhe a todos sem
distinção.
Jesus acusa os doutores da
Lei de serem cúmplices dos seus pais que, para não se converterem mataram os
profetas, os quais proclamavam a Palavra de Deus. Por sua vez, os doutores da
Lei sufocam a Palavra de Deus com prescrições intermináveis e dificultam o seu
cumprimento. Em vez de se abrirem à misericórdia de Deus, fecham-se na sua auto-suficiência
e presunção. À geração do tempo de Jesus serão pedidas contas do sangue dos
profetas, porque nela se consumará o mistério da iniquidade e, simultaneamente
o mistério da Sua bondade infinita: na Sua paixão.
A outra crítica que Jesus
faz aos doutores da Lei é que eles se apoderaram da chave da ciência, ou do
conhecimento de Deus. Não entram e não permitem o acesso aos que querem
conhecê-l’O. Apoderaram-se da chave da
palavra de Deus e dão a imagem de um Deus sem misericórdia. Mas a
sabedoria de Deus utilizará a cruz de Jesus como a chave oferecida a todos para
entrar no conhecimento de Deus. Nós, os discípulos missionários de Jesus somos
chamados a dar a conhecer essa chave a todos os povos.
Santa Margarida Maria
Alacoque, cuja memória litúrgica ocorre hoje, foi de grande importância no desenvolvimento do culto ao Sagrado Coração
de Jesus, como resposta a formas de espiritualidade rigoristas e desencarnadas
que esqueciam a misericórdia do Senhor. Como disse São João Paulo II,
numa catequese, esse culto «foi a resposta à rigorosidade jansenista, que tinha
acabado por menosprezar a infinita misericórdia de Deus»; e ao mesmo tempo pode
considerar-se um apelo contemporâneo a um mundo que procura construir-se sem
Deus: “O homem do Ano 2000 tem necessidade do Coração de Cristo para conhecer
Deus e para se conhecer a si mesmo; tem necessidade dele para construir a
civilização do amor” (Texto citado pelo Papa Francisco na Dilexit nos,
80). De facto, o coração de Jesus
leva-nos ao íntimo de Deus e de nós próprios e a trabalhar pelo Reino.
Que o Senhor nos ensine a ser os missionários do Seu coração misericordioso!
[1]
Os comentários de 16 a 19 de Outubro foram fornecidos pelo P. José António
Mendes Rebelo, M.C.CJ., Director Nacional das OPM-Portugal, a quem agradecemos.
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