27 setembro 2024

Ideias-força das Jornadas Missionárias 2024


Ideias-força das Jornadas Missionárias 2024

As Jornadas Missionárias deste ano realizaram-se, como habitualmente, em Fátima, nos dias 21 e 22 de Setembro. Num ano dedicado à oração, em preparação para o Jubileu de 2025, as Jornadas tiveram como tema A oração dos discípulos missionários.

O seu principal orador e animador foi o Padre Dinh Anh Nhue Nguyen, Secretário-Geral da União Missionária Pontifícia (UMP). O Padre Anh Nhue, de 54 anos, é vietnamita, engenheiro electrónico e biblista e pertence à da Ordem dos Frades Menores Conventuais.

Convidou-nos a ir à escola de Jesus e a aprender com Ele a manter a comunhão permanente com Deus. Do leque de ensinamentos e partilha entre os cerca de 100 participantes, que tiveram lugar no auditório das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres, eis algumas das ideias-força que emergiram:


1. A oração é o princípio da missão. A compaixão pelas pessoas leva Jesus a recomendar a oração pelas vocações e a escolher os Seus discípulos para O ajudarem a cuidar delas: “Ao ver as multidões, (Jesus) compadeceu-se profundamente delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor. Disse, então, aos Seus discípulos: “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a Sua seara” (Mt 9, 36-38).

 

2. O acto de rezar é eminentemente missionário, ou como nos recordou o Papa Francisco já este ano por ocasião dos 180 anos da fundação da Obra da Infância Missionária, “A oração é a primeira acção missionária”. Conscientes deste facto, as Obras Missionárias Pontifícias têm como tarefa primeira a promoção da oração, juntamente com a promoção da informação missionária e da solidariedade entre as Igrejas. Somos missionários desde logo através da oração.

 

3. A oração está no centro do dia típico da missão de Jesus (cf. Mc 1, 21-39). Ele começa o Seu dia a rezar na sinagoga de Cafarnaum, continua a ensinar e a curar e “de manhã muito cedo, ainda escuro” (v. 35), retira-Se para rezar num lugar solitário, antes de continuar o Seu ministério nas sinagogas da Galileia. Além da oração na assembleia litúrgica das sinagogas, Jesus reza muitas vezes no monte (Mt 14, 23), sozinho e à parte (Lc 9, 18), por vezes com os salmos (cf. Mt 26, 30). Ele sente o desejo de intimidade silenciosa com o Pai, mas na Sua oração tem presente a Sua missão e a educação dos discípulos, como no baptismo (Lc 3, 21), antes da escolha dos doze (Lc 6, 12), no momento da transfiguração (Lc 9, 29) e antes do ensino do Pai Nosso (Lc 11, 1).

 

4. O Pai Nosso (Lc 11, 1-13; // Mt 6, 9-13), a única oração que Jesus ensina aos Seus discípulos, reflecte a proximidade de Jesus ao Pai, ao invocá-l’O como Pai (Abba), o termo usado pelas crianças para dirigir-se ao progenitor, que supõe carinho, mas também respeito. O Pai Nosso é definido como “a oração cristã fundamental” e “o resumo de todo o Evangelho (cf. Catecismo da Igreja Católica, 2759-2772).

 

5. A Oração do Senhor, que é o paradigma da oração cristã e missionária, começa com dois pedidos paralelos: o da santificação do Seu nome e o da vinda do Seu reino. São de certa forma complementares, porque onde Deus reina, o Seu “nome”, ou seja, Ele próprio, é “santificado” e “glorificado”, o que significa reconhecido como santo e adorado como tal (cf. Catecismo da Igreja Católica, 2807). Nestas invocações iniciais, vislumbra-se o grande desejo de Jesus pela causa de Deus que Ele levava constantemente no Seu coração e que agora quer transmitir aos Seus discípulos. Quem reza o Pai Nosso partilha o mesmo desejo de Deus e de Cristo, sobre a realização da missio Dei, a missão de Deus para a felicidade do homem.

 

6. A oração é a condição que nos permite ser discípulos missionários. Por isso, Jesus pede aos Seus discípulos que rezem com insistência e confiança filial. A oração é o sustentáculo da vida cristã e missionária. É nela que somos impulsionados a sair ao encontro dos outros, encontramos a força para não desanimarmos perante as dificuldades e ganhamos a coragem para falar do nome de Jesus, conscientes de que, como nos ensinou São Paulo VI, “Não haverá nunca evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados” (Evangelii Nuntiandi, 22).

 

7. A oração dos discípulos, como a de Jesus, é orientada à missão. Depois da Ascensão de Jesus, os discípulos regressam à sala de cima (cf. Act 1, 14), e “eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações (Act 2, 42). Após a libertação de Pedro e João (Act 4, 23-31), e perante o espectro da perseguição, os discípulos não pedem a Deus protecção no perigo e incolumidade perante as ameaças, mas a força para anunciarem “com total desassombro” a Palavra de Deus. A missão vale mais do que a sua vida.

 

8. O ideal cristão de orar “em todo o tempo” só é possível quando há “tempos fortes da oração cristã, em intensidade e duração” (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 2697). A oração vocal, a meditação e a contemplação são as três expressões principais da vida de oração (CIC, 2699-2719). As principais formas da oração são: a oração de bênção e adoração, a oração de petição, a oração de intercessão, a oração de acção de graças e a oração de louvor (CIC, 2626-2649).

 

9. A oração de intercessão, através da qual abraçamos espiritualmente as necessidades e anseios da humanidade e nos comprometemos a fazer o que está ao nosso alcance para melhorar a sua sorte, tem uma grande dimensão missionária. Ela é realçada pelo Papa Francisco na Evangelii Gaudium: “Há uma forma de oração que nos incentiva particularmente a gastarmo-nos na evangelização e nos motiva a procurar o bem dos outros: é a intercessão” (EG, 281).

 

10. A Eucaristia é fonte e cume da vida e da missão da Igreja. A comunidade cristã alimenta-se na Eucaristia, que é um mistério para ser celebrado e vivido no Espírito Santo. A Eucaristia está ligada ao mandamento novo do amor, ao mistério terrível da traição e da iniquidade (Mc 14, 18) e ao compromisso indefectível de Jesus com o Reino (Mc 14, 17-25). O mistério da comunhão com Jesus, como nos mostra o episódio dos discípulos de Emaús, começa “no caminho” com a explicação das Escrituras (Lc 24, 13-35). “Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária”, escreveu o Papa Bento XVI na Exortação Apostólica Pós-sinodal Sacramentum caritatis, 84. E o Papa Francisco retomou esta ideia na sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2024, ao dizer: “Todos somos chamados a viver mais intensamente cada Eucaristia em todas as suas dimensões, particularmente a escatológica e a missionária. Reafirmo, a este respeito, que «não podemos abeirar-nos da mesa eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, visa atingir todos os homens» (Sacramentum Caritatis, 84).

 


26 setembro 2024

Jornadas Missionárias 2024

 



Nos dias 21 e 22 de janeiro, aconteceram as Jornadas Missionárias em Fátima, precedidas, na sexta-feira, de um dia de formação com o padre Dinh Anh Nhue Nguyen, secretário-geral da União Missionária Pontifícia (UMP) que abordou a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões 2024 nos seus três itens: “Ide e convidai”, “Banquete”, “todos”. Entre algumas reflexões deste primeiro dia constata-se que as Igrejas locais (diocesanas) já não estão abertas ao espírito missionário, sendo este uma “nota de rodapé” nos seus programas pastorais, bem como na organização paroquial, sendo evidente a necessidade de recursos humanos com entusiasmo e motivação para que as nossas comunidades cresçam em Missão. Evidenciou-se o sonho do Papa Francisco: “oxalá que todos os batizados nos disponhamos a sair para iniciar um novo movimento missionário, como nos alvores do cristianismo”.

As Jornadas Missionárias sob o tema: “A oração dos discípulos missionários”, decorreram sob um clima de profunda reflexão, fraternidade e partilha de experiências. O itinerário percorrido passou por: Oração de Jesus, enviado do Pai; Pai-Nosso, oração missionária; A Oração dos discípulos missionários de Cristo; a Oração cristã; a Eucaristia, fonte e cume da missão e da oração. Entre partilhas do orador e partilhas de reflexões, esteve presente o nosso Bispo da Guarda, D Manuel da Rocha Felício, como representante da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização. O grupo da Guarda que esteve presente trouxe um alegre entusiasmo em (re)despertar o espírito missionário sabendo que o desafio está em tocar o coração de cada um.