5.
Queria a todos encorajar a tornarem-se anunciadores da boa notícia de Cristo e
estou grato, de modo particular, aos missionários e às missionárias, aos
sacerdotes Fidei Donum, aos
religiosos e às religiosas, aos leigos – sempre mais numerosos – que, acolhendo
o chamamento do Senhor, deixam o próprio país, para espalhar o Evangelho em
terras e culturas diversas. Mas gostaria também de sublinhar como as próprias
igrejas jovens se estão a empenhar generosamente no envio de missionários às igrejas
que estão em dificuldade – geralmente Igrejas cristãs antigas – levando assim a
frescura e o entusiasmo com as quais elas vivem a fé, que renova a vida e dá
esperança. Viver neste contexto de dimensão universal, respondendo ao mandato
de Jesus “Ide, pois, e fazei discípulos em todos os povos”(Mt 28, 19) é uma
riqueza para cada Igreja particular, para cada comunidade. Assim, enviar missionários
e missionárias não é mais visto como uma perda, mas, antes, um ganho. Faço um
apelo a todos quantos sentem tal chamamento a corresponderem generosamente à
voz do Espírito, segundo o seu próprio estado de vida, e a não terem medo de
serem generosos com o Senhor. Convido também os Bispos, as famílias religiosas,
as comunidades e todas as associações cristãs a sustentarem, com clarividência
e discernimento atento, o chamamento missionário ad gentes e a ajudarem as Igrejas que têm necessidade de
sacerdotes, de religiosos, de religiosas e de leigos para apoiar a comunidade
cristã. E esta atenção deveria também estar presente entre as Igrejas que fazem
parte de uma mesma Conferência Episcopal ou de uma Região: é importante que as
Igrejas mais ricas de vocações ajudem com generosidade aquelas que sofrem com a
sua escassez.
Ao
mesmo tempo exorto os missionários e as missionárias, especialmente os
sacerdotes fidei donum e os leigos, a viverem com alegria o seu precioso serviço nas
Igrejas às quais são enviados, e a levarem a sua alegria e a sua experiência às Igrejas da sua origem,
recordando como Paulo e Barnabé no fim da sua primeira viagem missionária
“contando tudo aquilo que Deus tinha feito por seu meio e como tivesse aberto
as portas da fé aos pagãos" (Act 14,27) Eles podem vir a ser um caminho para uma espécie de
“restituição” da fé, levando a frescura das jovens igrejas, para que as igrejas
da antiga cristandade encontrem o entusiasmo e a alegria de partilharem a fé numa mudança que é enriquecimento recíproco no
caminho de seguimento do Senhor.
A
solicitude para com todas as Igrejas, que o Bispo de Roma partilha com os seus
irmãos Bispos, encontra uma importante actuação no empenho das Obras
Missionárias Pontifícias que têm como tarefa animarem e aprofundarem a
consciência missionária de cada baptizado e de cada comunidade, quer chamando
de novo para a necessidade de uma mais profunda formação missionária no
interior do Povo de Deus, quer alimentando a sensibilidade da comunidade cristã
para oferecer a sua ajuda na difusão do Evangelho no mundo.
Um
pensamento, por fim, aos cristãos que, em várias partes do mundo, se encontram
em dificuldade para professar livremente a própria fé e em verem reconhecido o
direito de a viverem dignamente. São os nossos irmãos e irmãs, testemunhas
corajosas – ainda mais numerosos que os mártires dos primeiros séculos – que
suportam com perseverança apostólica as várias formas actuais de perseguição.
Muitos arriscam também a vida para permanecerem fieis ao Evangelho de Cristo.
Desejo assegurar que estou próximo, com a minha oração, junto de todas as
pessoas, de todas as famílias e comunidades que sofrem violência e intolerância
e quero repetir-lhes as palavras consoladoras de Jesus: “Coragem, eu venci o
mundo” (Jo 16, 33).
Bento
XVI exortava: ”a Palavra do Senhor avance e seja glorificada” (2Ts 3, 1). Oxalá
possa neste Ano da fé tornar sempre mais sólida a relação com Cristo Senhor,
porque só Nele há a certeza para enfrentar
o futuro e a garantia de um amor autentico e duradoiro” (Carta Apos. Porta fidei, 15). É o meu augúrio para
o Dia Mundial das Missões deste ano. Abençoo, de coração, os missionários
e as missionárias, todos aqueles que acompanham e asseguram esta fundamental
tarefa da Igreja, para que o anúncio do Evangelho possa ressoar em todos os
cantos da terra.E nós, ministros do Evangelho e missionários, experimentaremos
“ a doce e confortante alegria de evangelizar” (Paulo VI, Exort. Apos. Evangelii Nuntiandi, 80).
Vaticano,
19 de Maio de 2013, Solenidade do Pentecostes
Papa Francisco
Comentários