Ser Missionário...

O anúncio do Evangelho é uma missão que está enraízada na nossa vida de cristãos. Este anúncio é feito através da leitura, escuta e meditação da Palavra de Deus, mas também através do testemunho de cada um. Para sermos testemunhas de Cristo somo-lo em qualquer parte do mundo, mas é importante estar de ouvidos bem abertos para ouvir e sentir o chamamento do Espírito Santo.

O Concílio Ecuménico Vaticano II apresenta uma “nova primavera” no que se refere à especificidade da missão Ad Gentes: «A Igreja, enviada por Deus a todas as gentes para ser “sacramento universal de salvação”, por íntima exigência da própria catolicidade, obedecendo a um mandato do seu fundador, procura incansávelmente anunciar o Evangelho a todos os homens» (AG n.1). Este apelo inicial deste decreto, abre os horizontes para compreendermos que: primeiro, a Igreja é universal e não importa o lugar onde estamos, o que interessa de facto é que sejamos anunciadores e testemunhas de Cristo; segundo, o anúncio é para todos os homens de todas as condições, raças e culturas, devendo cada um rasgar o seu horizonte e não ficar encerrado dentro de si mesmo e somente no seu contexto de vida particular.

Cada um pode também questionar-se: o que é que eu posso ainda fazer com as forças tenho para ser missionário? Ser missionário não implica simplesmente sair de um país para outro. Ser missionário é: viver Cristo, ser sua testemunha e estar de alma aberta para o que o espírito possa pedir em cada dia. Se ser missionário passa por estas três “fases” então todos o podemos ser e não nos devemos acanhar dentro do nosso meio onde sempre vivemos. É urgente continuar a deixar falar o Espírito na vida do dia-a-dia.

Por vezes o “estar acomodado” acaba por matar o ser anunciador e testemunha de Cristo. Até ao dia em que o Pai nos chamar à Sua presença temos a missão de partilhar Jesus com o mundo.

O centro e o ponto de partida da missão Ad Gentes é Cristo. Tudo pode mudar no mundo, mas Cristo permanece sempre. Tradições podem ser modificadas e formas de viver a fé podem ser adaptadas, Cristo permanece!

Ser missionário é ser testemunha constante de Jesus Cristo e todos nós somos missionários desde o dia do nosso baptismo. Recebemos do Pai, do Filho e do Espírito Santo a missão de sermos «suas testemunhas até ao fim dos tempos». Como é que continuamos a dar ao mundo, o testemunho de Cristo?

A Salvação de Deus é para todos os povos. Podemos recordar uma passagem da Epístola de S. Paulo aos Efésios:

«Com certeza ouvistes falar da graça de Deus que me foi dada para vosso benefício, a fim de realizar o seu plano: que por revelação me foi dado a conhecer o mistério (...)Lendo-o, podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo, que, não foi dado a conhecer aos

filhos dos homens, em gerações passadas, como agora foi revelado aos seus santos Apóstolos e Profetas, no Espírito: os gentios são admitidos à mesma herança, membros do mesmo Corpo e participantes da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.» (Ef 3, 2-6)

Jesus mostra-nos como devemos ser atentos, solidários, carinhosos e amigos de todos, de toda a humanidade. A salvação é para todos, não simplesmente para os judeus que se converterem, mas para que todos também se possam converter. Por isso S. Paulo insiste na importância de dar testemunho. Se o nosso testemunho de cristãos for transparente nos nossos actos, outros virão ao nosso encontro e até nos pedirão para falar da razão de ser da nossa vida. Jesus reina através do nosso testemunho. Como permanecemos com o nosso testemunho vivo?

É preciso que todos nos saibamos adaptar às circunstância que cada momento da história nos vai exigindo. Cada dia nos são dados sinais, aos quais devemos estar atentos. Ser missionário é: estar com o outro. Ser missionário é ser o “prolongamento da boca, dos braços e dos pés de Cristo. É no trabalho diário com pessoas de todas as estirpes sociais, de todos os credos e confissões religiosas, crentes e não crentes, doentes e velhos, jovens e crianças que podemos encontrar Jesus. Como mostramos a presença viva de Jesus através na nossa vida?

Nesta nossa missão de ser anunciadores e testemunhas há algo fundamental a ter sempre em conta: o respeito por todos os que se cruzam connosco, sejam eles cristãos ou tenham outra crença ou sensibilidade. (cf Rmi 11)

João Paulo II ao longo da Encíclica Redemptoris Missio deixava transparecer a sua preocupação da necessidade de haver simplicidade em anunciar Jesus. Onde quer que estejamos deve haver a preocupação por conhecer quem está à nossa volta e viver com todos eles. Ser missionário Ad Gentes exige que façamos uma inculturação com outros povos. Não é difícil, a nível pessoal posso testemunhar que é uma riqueza para a vida. Mas nós aqui mesmo, nos nossos meios, também nos temos de adaptar a pequenas culturas locais. Mais uma vez devemos deixar queo Espírito Trabalhe em nós, mas para isso também temos de estar abertos às novidades.

“É preciso que Jesus reine”. Eis uma divisa que vai muito mais além da nossa diocese. É um ideal de vida que se transparece através do testemunho pessoal de vida e que pode e deve ser transmitido e dado a conhecer ao mundo. Não é nenhuma novidade, é certo. Mas é uma forma de fazer com que Cristo seja apresentado para alguém que o desconhece ou que precisa de O ver nos actos e gestos concretos do dia-a-dia. Ir em missão para outro lugar fazêmo-lo no nosso lugar, mas também o podemos fazer indo para outros lugares. Ouçamos a Voz do Espírito e continuemos a pedir a D. João de Oliveira Matos que interceda junto do Pai para que nos ajude a compreender quais os trilhos que precisam de ser calcados. Ser missinário cá e lá, não é um sonho ou um ideal, é uma realidade. Sem medos confiemo-nos a Deus deizendo-lhe simplesmente: Aqui estou para Ti.

Molda-me a vida.
Recria em mim as Tuas Palavras.
Eu sou teu, Senhor.
Eu sou teu, Senhor.

Pe Ângelo Martins in "luz e vida"

Comentários