O que são as Obras Missionárias Pontifícias?

A Igreja, desde o início, dedicou-se intensamente no atendimento do mandato missionário de Jesus. Nem sempre, contudo, o realizou da mesma forma, tanto no que se refere à organização como aos métodos.

A partir do dia de Pentecostes, os Apóstolos pregaram o Evangelho. Elegeram, em seguida, colaboradores que, pela imposição das mãos, tomaram parte directa e oficial no anúncio da Boa Nova. Os bispos, sucessores dos Apóstolos, com seus colaboradores continuaram a evangelização.

A partir do Edito de Milão (313) do Imperador Constantino e até o século XII a evangelização realiza-se sem maior organização, pois cada bispo - e cada monge - empreende por conta própria viagens apostólicas com a finalidade de pregar o Evangelho entre os pagãos.

No séc. XIII, o Papa toma a direcção e coordena o movimento missionário. É ele quem chama as diversas ordens religiosas confiando-lhes os territórios de missão e o envio de missionários.

Na época das grandes descobertas, a evangelização é entregue aos Reis de Portugal e Espanha (Padroado). E com isto surgiram novas dificuldades: a excessiva ingerência dos Estados e a ausência de uma coordenação nos métodos e nas actividades.

Sente-se a urgência de um organismo que, em comunhão com o Papa, assumisse a direcção do movimento missionário. Na Epifania de 1622, Gregório XV funda a Sagrada Congregação para a Propagação da Fé (hoje Congregação para a Evangelização dos Povos). Inaugura-se uma nova etapa distinta da colonização e do Padroado.

O séc. XIX, após um declínio das missões, caracteriza-se por um despertar missionário e um florescimento de associações missionárias (de 1822 a 1916 registram-se 270). Esta realidade produziu também problemas: certa confusão entre os fiéis e uma desigualdade nas ajudas missionárias.

Entre essas Obras destacam-se por sua universalidade, organização e objectivos, a Obra de Propagação da Fé, Infância Missionária, São Pedro Apóstolo e mais tarde a União Missionária. O Papa Bento XV, na Encíclica "Maximum illud" (1919), as julga como instrumentos providenciais e as recomenda a todos os bispos.

Pio XI, em 1922, eleva as três primeiras à categoria de Pontifícias. A União Missionária recebeu este título do Papa Pio XII, em 1956. São instituições oficiais do Papa e, consequentemente, de toda a Igreja, para a animação e cooperação missionárias de todo o povo de Deus.

O Concílio Vaticano II, no Decreto "Ad Gentes", consagrou solenemente estas Obras como instrumento principal do Colégio Episcopal - do Papa e dos bispos - para a cooperação na actividade missionária universal da Igreja (AG 38).

As Obras Missionárias Pontifícias são o organismo oficial da Igreja universal e de cada Igreja particular para a animação e cooperação missionária universal.

As Obras Missionárias Pontifícias são uma instituição da Igreja universal e de cada Igreja particular. Elas exprimem a solicitude do Papa e dos pastores por toda a Igreja. Geram, nos católicos, desde a infância, o espírito de fraternidade universal e missionário, sem o qual não haverá verdadeira cooperação. Atendem e socorrem as mais diversas necessidades de ajuda material e espiritual de todos os povos. Promovem uma eficaz colecta para o bem de todas as missões atendendo às necessidades de cada uma.

As Obras Missionárias Pontifícias mantém vivo e circulante, nas comunidades eclesiais, o espírito de solidariedade e de universalismo missionário.

O Papa Paulo VI, na Mensagem para o Dia Mundial das Missões de 1963, disse: "As Obras Missionárias Pontifícias são a expressão directa e mais completa da solicitude do Supremo Pastor do rebanho de Deus por todas as Igrejas. Elas, em nosso nome, provêem, segundo um plano universal e com uma visão global, as mais diversas necessidades de ajuda material e espiritual que deve ser destinada a todas as nações".

As Obras Missionárias Pontifícias surgiram e se desenvolveram como organizações diferentes e autónomas. Hoje, elas constituem uma única instituição, embora sendo quatro Obras distintas.

"No exercício da sua actividade, estas Obras dependem, em nível universal, da Congregação para a Evangelização dos Povos, e, em nível local, das Conferências Episcopais e do Bispo de cada diocese" (RMi 84).

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